VIOLÊNCIA

 

A violência surge do medo ou o medo surge da violência?

A criminalidade é conseqüência da pobreza e da desigualdade ou da nossa estrutura política e social?
Todos nós já ouvimos estas perguntas milhares de vezes e as respostas que os intelectuais de plantão dão a elas seriam suficientes para lotar as estantes de todas as bibliotecas do mundo.
Enquanto a discussão se arrasta a violência continua a crescer.
Como contraponto aos perguntadores e aos explicadores temos os resolvedores.
Estes últimos, menos imaginativos que os primeiros, apontam sempre à mesma solução:
- mais policia, leis mais rigorosas, mais penitenciárias, mais políticas sociais e assim por diante.
O glorioso ministro da justiça, ao lançar mais um plano com as mesmas medidas que não deram certo até agora, explicou que é preciso ter paciência e esperar a
lguns anos para que os resultados comecem a aparecer.

Não é difícil perceber que o gênio se sente a salvo de ataques e balas perdidas pois deve andar cercado de seguranças 24 horas por dia (às nossas custas, é claro).
Será que não está na hora de olhar o problema por outro ângulo?
Se tudo o que foi feito não deu certo por que insistir nos mesmos erros?
Vamos tentar novas soluções.
Senão funcionarem tratemos de buscar outras.
Por que continuar a gastar dinheiro mantendo presos assassinos que, de dentro das cadeias, continuam a comandar suas organizações criminosas?
Alguém tem esperanças que os anjinhos vão se regenerar?
É preciso deixar de lado a hipocrisia e assumir que, entre o cidadão que por uma razão qualquer comete um crime e um membro de uma facção criminosa condenado a mais de 100 anos de prisão existe uma grande diferença.
Colocar tudo no mesmo saco é absolutamente idiota.
É lícito esperar que um agente penitenciário seja rigoroso com um presidiário que tem meios de mandar executá-lo na frente de sua família se ficar de mau humor?
Todos nós sabemos as respostas, mas quando se fala em pena de morte parece que o mundo vai acabar.
Fala-se em possibilidade de erro judiciário, injustiça e coisas do gênero que devem ser consideradas quando se trata do tal cidadão que cometeu um crime.
Alguém é capaz de acreditar que há alguma possibilidade de uma santa criatura como um Fernandinho Beira-mar ser inocente?
Pelas nossas generosas leis o dito cujo, em poucos anos, estará livre para cometer os mesmos crimes que o levaram à cadeia.
Quando os bandidos utilizam armas de guerra para atacar a policia ou qualquer incauto que entre nas comunidades que dominam é impossível acreditar que o estado está no controle da situação.
Quando um trem é metralhado num país que não esteja em guerra ninguém terá dúvida que se trata de terrorismo ou revolução.
No nosso amado rincão, as autoridades que por acaso estavam dentro dele fazem piadas para esconder o medo que seguramente sentiram.
Só não conseguem esconder o medo real e maior que é o de enfrentar a situação com a energia necessária.
Quantos inocentes terão que morrer para que os pilantras que nos governam resolvam tomar alguma atitude efetiva?
Voltarei ao assunto para dar a minha receita, um tanto radical, para resolver o problema.
Por hora registro a resposta de um carrasco de uma penitenciária americana entrevistado por um repórter do Fantástico (TV GLOBO) que perguntou encerrando a entrevista:
- O senhor acredita que a pena de morte reduz a criminalidade?
- “Na verdade não sei. Mas, uma coisa posso garantir, aqueles que executei nunca mais cometerão crime nenhum”.

 

 


 

A violência é a maior preocupação dos jovens: 64% deles morrem de medo de ser assaltados. Para discutir até que ponto esse pavor altera a rotina dos teens,

 

reunimos garotos e garotas de classe média de São Paulo, entre 14 e 18 anos. Dos onze que participaram do bate-papo, seis já haviam sido roubados. Os outros cinco tinham histórias ocorridas com os pais para contar. Leia trechos do debate.

"A violência muda nossa rotina. A gente evita sair à noite. Quando saio, prefiro ir a um shopping, pois sei que é um lugar seguro. Em um bar, na rua, a gente fica muito exposta. Entra qualquer um."
Camila, 15, Colégio Objetivo

"A gente também não anda mais sozinha, só acompanhada. E a segurança de um lugar pesa bastante na hora de escolher um programa."

Luciana, 17, Colégio Maria Imaculada

"Sempre que saio, meus pais me levam e me buscam. Só ando de táxi e, ainda assim, em grupo. Meu maior medo é ser seqüestrada ou estuprada."
Juliana, 17, Colégio Maria Imaculada

"Eu também nunca ando sozinha. Meus pais sempre me levam e me buscam. E só freqüento lugares que têm segurança, como shoppings e discotecas."
Beatriz, 18, Colégio Maria Imaculada

"Já fui assaltado três vezes. Ando na rua sempre prestando atenção em quem está por perto. Se desconfio de algo, saio do lugar na hora. E divido o dinheiro em vários bolsos."
Fábio, 17, Colégio Radial

"O celular é uma coisa que ajuda, dá segurança. Se estou em um lugar e acho que o clima não está legal, uso o celular para pedir aos meus pais que me busquem."

Nádia, 14, Colégio Radial

"Tenho medo não apenas quando estou longe de casa mas também perto. Há uma rua próxima de minha casa que é bem escura. Não passo mais sozinha à noite por lá. Prefiro dar uma volta maior para chegar a correr o risco de sofrer algum tipo de violência."
Lígia, 16, Colégio Radial

"Depois que meu pai sofreu um seqüestro relâmpago, ele ficou bem neurótico. No carro, só andamos com os vidros fechados. Agora lá em casa fica tudo trancado."

Raquel, 18, Colégio Maria Imaculada

"Eu até saio e freqüento bares na rua, mas sempre com mais gente, nunca sozinho. Fico também bastante atento para não ter nenhuma surpresa desagradável.

Juliano, 14, Colégio Santa Rita de Cássia